PIB recuou 3,6% em 2016
Na manhã de hoje (07/03), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado final do Produto Interno Bruto (PIB) do ano de 2016. Conforme a publicação, no ano de 2016 o PIB do Brasil registrou retração de 3,6% em relação a 2015, ano em que a economia brasileira já havia recuado 3,8%. Assim, o PIB acumulou queda de 7,2% no período.
Para tanto, no quarto trimestre de 2016 o PIB nacional apresentou queda de 0,9% ante o trimestre anterior, considerando a série com ajuste sazonal. O resultado veio abaixo do esperado pelo Depecon/FIESP e pela média do mercado (0,6%), além de tratar-se da oitava queda consecutiva seguida nessa base de comparação.
Na Ótica da Oferta, a queda da Indústria (-0,7%) reflete resultados negativos em três dos quatro subsetores, a saber: Construção Civil (-2,3%), com sua quinta queda consecutiva, seguido pela Indústria de Transformação (-1,0%) e a Serviços Industriais de Utilidade Pública (-0,1%). Por sua vez, a Extrativa Mineral (0,7%) apresentou sua terceira elevação consecutiva.

Por sua vez, o PIB do setor de Serviços apresentou queda de 0,8% no quarto trimestre, oitavo resultado negativo seguido - situação inédita na história recente das Contas Nacionais Trimestrais. Dentre os subsetores de Serviços, as principais quedas foram Serviços de Informação (-2,1%), Transporte, armazenagem e correio (-2,0%) e Comércio (-1,2%), setores muito sensíveis aos ciclos econômicos. A Agropecuária exibiu alta de 1,0%, pequena perto das quedas dos três trimestres anteriores (-3,2% no 1º, -1,0% no 2º e -2,1% no 3º).

Pela Ótica da Demanda, o Consumo das Famílias apresentou sua oitava queda consecutiva no quarto trimestre, em -0,6%, resultado da deterioração do poder de compra dos consumidores. Também em ritmo de queda, a Formação Bruta de Capital Fixo diminuiu 1,6%, completando a décima segunda queda em treze leituras. Consumo do Governo, por sua vez, apresentou um ligeiro resultado positivo, em 0,1%.
Quanto ao setor externo, as Exportações caíram em 1,8% no 4º Tri/2016, após recuo de 3,2% e 0,6% nos trimestres anteriores, enquanto que as Importações exibiram resultado positivo de 3,2% ante -3,1% da leitura anterior.

No que tange os resultados anuais, sob a ótica da oferta, o setor de Serviços (-2,7%) apresentou a sua segunda queda da séria das Contas Nacionais iniciada em 1996, igualando inclusive o resultado de 2015 (-2,7%). O resultado reflete a recessão doméstica, com queda da massa real de salários, a alta taxa de desemprego, a queda do crédito e retração da indústria. Dentre os subsetores de Serviços, as maiores variações foram aquelas mais ligados ao ciclo da atividade econômica como Comércio (-6,3%) e Transporte, armazenagem e correio (-7,1%).
A Agropecuária, por sua vez, apresentou queda de 6,6% em 2016, o pior resultado anual do setor desde o início da série histórica das Contas Nacionais iniciada em 1996. Tal resultado reflete a forte quebra de safra, sobretudo nos grãos de milho e soja, impactados por grandes problemas climáticos.

No que tange à Indústria, que apresentou retração de 3,8% em 2016 (terceiro ano seguido de contração), o único destaque positivo partiu de Serviços de Utilidade Pública (+4,7%), ao passo que a Indústria de Transformação recuou 5,2% no ano, após já ter apresentado queda de 10,4% em 2015 e 4,7% em 2014. Por sua vez, a Indústria Extrativa apresentou queda de 2,9% em 2016, após ter crescimento de 4,8% no ano precedente. Já a Construção Civil apresentou queda de 5,2%, completando seu terceiro ano seguido de contração.

Sob a ótica da demanda, a despesa de Consumo das famílias apresentou recuo de 4,2% em 2016, o segundo ano seguido de contração após uma sequência de onze anos consecutivos de expansão. A queda da renda real, a deterioração do mercado de trabalho e a queda do crédito para consumo explicaram grande parte deste resultado. A despesa do Consumo da Administração Pública recuou 0,6%, após queda de 1,1% em 2015. No que diz respeito à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), o declínio anual de 10,2% pode ser explicado pela queda da produção doméstica de máquinas e equipamentos e a contínua crise na construção civil. A incerteza quanto a economia inibiu o investimento por parte do empresário, cuja confiança, embora em trajetória de elevação, permaneceu o ano todo em patamares historicamente deprimidos. Vale ressaltar que a queda da FBCF vem após um forte recuo de 2015 (-13,9%) e 2014 (-4,2%). Por fim, no âmbito externo, as Exportações avançaram 1,9%, ao passo que as Importações registraram queda de 10,3% - reflexo da forte retração da demanda doméstica. Assim, o setor externo exerceu impacto positivo na formação do PIB de 2016.

Assim, o resultado de 2016 associado ao de 2015 consuma uma das mais intensas recessões da economia brasileira, com fortes impactos nos setores da indústria e no de serviços. A melhora nos indicadores de confiança dos empresários e dos consumidores, bem como a queda da inflação e da taxa de juros, fortalece a expectativa de retomada, embora essa retomada será lenta e gradual em virtude do elevado endividamento das famílias e empresas e do alto patamar da taxa de desemprego.
FIESP/CIESP: Atividade industrial paulista recua 0,7% no primeiro mês do ano
Na tarde de ontem (06/03), a FIESP/CIESP divulgou o resultado do Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista do mês de janeiro. O INA do primeiro mês do ano registrou uma queda de 0,7%, já considerando os ajustes sazonais. Enquanto em dezembro havia sido registrado um avanço de 3,6%. Com relação ao acumulado em doze meses até janeiro, houve um recuo de 8,3%.

A publicação aponta que todos os indicadores de conjuntura que compõem o INA registraram queda em janeiro, a variável de vendas reais (-1,3%) foi a responsável por exercer a maior influência na formação do resultado negativo do INA do mês. Por sua vez, as horas trabalhadas na produção e o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), apresentaram quedas 0,8% e 0,3 p.p., respectivamente. Dos 18 setores pesquisados, 11 cresceram e 7 retraíram no mês.
Assim, o resultado negativo de janeiro não anula os fortes ganhos verificados em dezembro, sugerindo uma trajetória de lenta recuperação ao longo de 2016.